quarta-feira, 28 de abril de 2010

Namorix



NAMORIX Por Arnaldo Jabor

Na hora de cantar, todo mundo enche o peito nas boates e gandaias, levanta os braços, sorri e dispara: "... eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também..." No entanto, passado o efeito da manguaça com energético, e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração tribalista se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim. Mas porque reclamam depois?Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, de que toda ação tem uma reação? Agir como tribalista tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na vida. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja, é preciso comer o bolo todo e, nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.. Embora já saibam namorar, os tribalistas não namoram. "Ficar" também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo.Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho.Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada. Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança? A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim, como só deseja a cereja do bolo tribal, enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado,roçando os pés sob as cobertas, e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar.Já dizia o poeta que amar se aprende amando. Assim, podemos aprender a amar nos relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optarmos. E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da tão sonhada felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins. Ser de todo mundo, não ser de ninguém, é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida SOLIDÃO...


Seres humanos são anjos de uma asa só, para voar têm que se unir a outra.

terça-feira, 27 de abril de 2010

História De Um Carnaval


Vou lhes contar uma história, dessas em que tudo se começa com uma bela moça, aliais toda boa história que se preze sempre terá uma bela moça, e esta aqui se faz presente na imagem de uma bela menina com seus dezoitos anos , seus cabelos pretos e cacheados, seu corpo perfeito esculpido por anos de dança e seu sorrizo encantador,capaz de inebriar e seduzir o mais inocente e desatento rapaz , como seduziria. Seu nome era Colombina, porta-estandarte bela e graciosa da escola de samba da comunidade do morrinho.Seu encantado era Pierrot, um humilde faxineiro da quadra onde Colombina ,ensaiava e rodopiava graciosa e leve quase todos os dias.
Com a proximidade do carnaval, toda a comunidade se agitava. Ouviam-se ainda com mais frequencia os batuques, as pessoas saíam mais as ruas , a quadra sempre cheia, e Colombina sempre rodopiando com sua bandeira,carregando seu estandarte sempre sendo admirada de longe por pierrot que sonhava um dia e rodopiar ao lado de colombina, embora esse já fosse ocupado por Arlequim.
Arlequim era um grande conquistador, com um grande número de mulheres que choravam por seu coração,ao qual muitos diziam ter sido fechado desde o momento de seu nascimento por uma feiticeira impedindo assim que Arlequim amasse verdadeiramente alguém.Foi Arlequim quem conqusitou o lugar tao almejado pelo timido Pierrot, Arlequim tornou-se mestre-sala de Colombina.Não foi nada difícil para ele conseguir tamanha façanha, já que era tao belo de rosto, de traquejos tao refinados e porte físico tao garboso, assim como também não foi difícil que Colombina logo se apaixonasse por ele deixando Pierrot choroso e Tristonho.
Pobre Pierrot, tao simples de vestes, de modos e feições, jamais conquistaria sua amada competindo com um Arlequim.
Sabemos pois, que mesmo o mais puro dos homens é capaz de pensamentos impuros e repugnantes ,e atitudes tão impensadas quanto impuras quando tem seu coração ferido pela adaga do desamor.
Os dias passaram-se rápido e o dia do desfile enfim havia chegado.Na concentração todos estavam tensos e em meio a tanta tensão um cena se destacava: a da bela Colombina completamente entregue nos braços do sedutor Arlequim.Por toda etensão da avenida os dois desfilaram encantando a todos na plateia com excessão apenas de Pierrot, que a esta altura já estava prestes a acabar com tudo aquilo. E assim o fez.
O granado do fuzil reluziu em meio aos refletores , porém todos estavam tao extasiados com a passagem do casal que não perceberam ,assim como também não ouviram o disparo devido ao barulho ensusrdecedor da bateria.E a vida tem seus próprios caminhos. O projétil havia sido disparado com o intuito de atingir Arlequim ,contudo foi Colombina que foi atingida em seu peito, deixando a multidão em pânico, Pierrot em desespero e prantos e Arlequim desolado.
Pierrot agora perdido em seu desespero pôs fim também a sua própria vida, enquanto Arlequim seguiu por aí a deixar muitas mulheres chorando por seu coração.Quanto a Colombina ela não foi morta pelo amor de Pierrot ou pelo encatamento que sentia por Arlequim e sim pela estranha imperfeição dos sentimentos humanos que são capazes de corromper até mesmo o mais puro sentimento e o mais puro dos homens.